Vou fazer uma reflexão
a respeito do assunto. Geralmente os manuais afirmam que a linguagem literária
é caracterizada pela ênfase na forma. E que isso a distingue das outras
linguagens. Eu diria que toda e qualquer linguagem é essencialmente forma e,
portanto, conteúdo. Não se pode separar uma coisa da outra.
Num sentido amplo,
tudo é forma. Vivemos no mundo das formas. Aliás, o significado da palavra
mundo é algo que tem uma forma, ou ao
qual é dada uma forma, uma vez que, para nós, o caos não tem sentido.
Portanto, a afirmação tradicional é bastante ingênua.
A linguagem está
relacionada aos sentidos (fala, visão), ao som e à imagem, à nossa percepção,
enfim. A forma é o modo como captamos e interpretamos a realidade, o mundo.
Seja por meio de metáforas, alegorias, fábulas, símbolos, fantasias.
Assim sendo, a poesia
é um modo próprio de se utilizar a forma e de expressar a percepção de
algo, de um modo que ainda não havia sido pensado antes.
Uma vez eu disse que
prosa é cerâmica, e poesia é porcelana. Isso resume tudo.
Cleber Pacheco – poeta, contista, romancista, dramaturgo,
crítico literário e artista plástico. Mestre em Literatura Brasileira e
Especialista em Filosofia (Esmeralda, RS).